Que são as aparições?
Contam-se fatos prodigiosos e muitas aparições de almas do purgatório. Isto poderia talvez impressionar a alguns e julgarem que podemos desejar ou procurar, com certa curiosidade, indagar a sorte dos mortos ou facilmente ter comunicação com as almas do purgatório. Quanta ilusão perigosa e quanta superstição e crendice em torno disto! É mister discernirmos bem as verdadeiras das falsas aparições, e mostrarmos o pensamento da Igreja e dos santos Doutores para que se evitem confusões e ilusões numa matéria tão grave e delicada„ porque tão sujeita a enganos e erros.
Que é uma aparição? É uma manifestação do outro mundo, de alguém que nos vem dizer o que lá se passa. Podemos acreditar nas aparições?
Há dois extremos igualmente prejudiciais. Um dos que facilmente aceitam toda sorte de aparições sem exame e não têm a prudência de estudar e esperar a, opinião de pessoas criteriosas, teólogos ou autoridades eclesiásticas e superiores, que possam discernir com segurança a verdade de tais aparições. É uma leviandade. Assim diz a Escritura: qui cito credit, levis est corde (Ecl. XIV, 4), quem facilmente em tudo crê, é leviano de coração, é um espírito leviano. Todavia, rejeitar sistematicamente e obstinadamente toda aparição, todos os fatos sobrenaturais, mesmo que tenham os sinais de verdadeiros, é prova de muito ceticismo, e de orgulho, e pode levar à infidelidade à graça, como insinua a Escritura: “qui incredulus est, infidelifer agit” (Isaías, XXI, 2. Quem é duro em acreditar, procede contra a piedade.
É mister um equilíbrio neste caso entre os dois extremos. Uma alma verdadeiramente humilde e obediente nunca poderá se enganar. Outra questão é se as almas do outro mundo podem se comunicar com os vivos. Podem voltar à terra quando queiram ou quando desejem os vivos? Respondemos sem hesitar, com a boa doutrina da Igreja e dos teólogos: — não e não! Isto só se dá por uma especialíssima permissão de Deus, raras vezes, e por milagre, para ensina-mento e confirmação da imortalidade da alma, para lição dos vivos ou para pedir socorro e sufrágios.
Desde que nossa alma se separou do corpo pela morte, não tem mais órgãos para se comunicar com os homens, é puro espírito, e só por milagre se pode tornar sensível. E demais, quando a alma deixou o corpo, já foi entregue à divina justiça, e está no lugar que mereceu: o céu, o inferno ou o purgatório. Não pode, sem milagre, entrar em comunicação com os homens.
Este milagre das aparições nós o encontramos na Sagrada Escritura. Samuel apareceu à Pitoniza de Endor e repreendeu a Saul porque havia perturbado o repouso dos mortos. Mostrou o castigo que lhe estava reservado por esta curiosidade vã.
Na morte de Nosso Senhor, conta São Mateus que os túmulos se abriram e muitos mortos apareceram e foram vistos em Jerusalém.
Nas vidas dos santos encontramos inúmeras aparições, e a santa Igreja, ao elevar à honra dos altares os servos de Deus, submete a um rigoroso processo todos os fatos e prodígios que deles narraram, embora não se pronuncie sobre eles. Portanto, há verdadeiras aparições.
Fonte: Extraído do livro “O manuscrito do purgatório” /AASCJ
DE:http://reflexao-maria.blogspot.com/
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